NO MEU RIO IMAGINÁRIO
No caudal no meu rio do canal
Deslizam tantas águas cristalinas
Na corrente impetuosa, torrencial
Cintilando para o mar pela campinas
Há nas vegetações dos canaviais
Os sons das rãs, sapos, melros a cantar
E mesmo as andorinhas nos beirais
Acompanham os pardais a chilrear
Vejo o sol a romper ao horizonte
No cimo das cordilheiras da serra
Já cheira a rosmaninho lá no monte
Em baixo o mar azul, espreita a terra
Mas eis meu contraste, diversidade
No canal da minha terra não há rio
Já secou o ribeirinho de saudade
A onde minha mãe lavava ao frio
As fontes do canal! Talvez sem águas?
Na nostálgica saudade sinto mágoas
Ali naquele imenso ermo solitário
No sonho de quimeras e esplendores
Desliza o meu mundo de primores
Na corrente do meu rio imaginário
Aulnay, Março2012