Tubarões
Se eu fosse o outro peixe desmedido
Que Aquele Homem pregava no Sermão,
Seria não servente mas servido
Por quem me atraiçoa, usurpa o pão.
Ai se eu não fosse o peixe comedido
Que trabalha sol a sol, servidão,
Arrancava-te o dito, o prometido,
Noutros tempos…aqueles de eleição!
É nesta ira, na raiva que me invade,
Que eu desanimo e quase me enfraqueço,
Perco o corpo, o meu suor e a vontade
De dar a tubarões usurpadores
O pão que me pertence, que mereço,
E que fica na mão desses senhores.
Manuela Ferreira