Da lusa gente (ou fazer acontecer)
Que mar acossado me fez marinheiro,
Se, zarpei de mim para me achar naufrago,
Na ponta do meu desassossego?
A que ilha ou chão de futuro aportei,
Se, me perdi nos abismos da minha solidão,
A gritar a revolta do meu descontentamento?
Onde arroteei planuras e construi auroras,
Quem me traiu o sonho de velas pandas
E derrubou o mastro onde desfraldei minha bandeira?
Quem, pela calada da noite, se fez ladrão e algoz
E, sangrou meu sangue resoluto de ir além,
Segando meus passos e submetendo meus poemas?
Eremita de mim, em mim me sinto nauta e profeta,
Peregrino que o infinito chama e o amanhã requer,
Não me travam ladainhas de artimanha abjecta!
Eu sou da lusa gente que, ousa porfiar e a aridez vencer,
Para chegar onde só chega aquele que define a própria meta,
Onde acontece o sonho de quem se faz acontecer.
Pseudónimo do Autor: PC – Paulo César