PORTUGAL IMIGRANTE
As paredes dos prédios onde estamos
São pintados com tinta aditivada
Com o suor e a dor dos africanos,
Brasileiros e da Europa libertada.
São Guiguis, Santolas, Nhouces, Mangolés,
Moçás, Brasucas, antes eram todos portugueses,
Os Tugas do Serviço de Fronteiras: Quem És?
Estrangeiro todas as vezes!
Depois, concentras-te no Rossio,
Teatro D. Maria, Praça da Figueira,
Tua mulher habitua-se ao frio
E já vende peixe na Praça da Ribeira.
Tens condomínio fechado na Jamaica,
Pedreira dos Húngaros, Cova da Moura,
Não tens direito a formação ou baixa,
Se adoeces, nenhum hospital te cura.
Queres casa, mas o Banco não empresta,
Falta contrato de trabalho assinado,
O patrão explora-te enquanto lhe interessa,
Depois sem subsídio, estás desempregado.
Teus filhos, embora, naturais
De Portugal, mas isso não chega,
Para que legalizem os seus Pais,
Só te resta então…mais tristeza.
José Manuel da Cruz Vaz Jacinto