A miséria que ninguém quer ver.
Como podemos encontrar a felicidade,
Quando mesmo ao nosso lado está a miséria.
Dizemos que temos pena, quando os vemos na televisão,
Aparece uma lágrima, que é bom cristão
Mas não passa de cinismo disfarçado de pena.
Vemos um pobre, damos uma esmolinha
“mas que pobre alminha…”
Chega para não morrer de fome
mas pouco come,
O pobre da esmola.
E sentimo-nos bem, com a boa acção,
Mas não passa de exibicionismo,
Apenas cinismo.
Porque ele está na noite ao relento
Enquanto nós, muito bem com o aquecimento.
Chegam notícias de violação,
De tanta maldade e de exploração,
“ai que pobres criancinhas.”
Mas ninguém quer saber daquelas vidinhas,
Porque é só para os entreter
Essa miséria que ninguém quer ver
Filipe Magalhães Alves